Capítulo 45

[...]
- O quê?
-Isso mesmo que você ouviu. Eu tô grávida.
-Você é louca, eu sempre usei preservativo.
-Deve ter estourado eu não sei, mas estou grávida e o filho é seu.
-Vou pedir o DNA, se for meu eu assumo- disse nervoso e desliguei o telefone.
Sentei na cama ainda com o telefone nas mãos. Será que aquilo era verdade? Será que eu realmente ia ser pai? Deitei na cama com a cabeça apoiada nos braços e fiquei tentando digerir aquilo tudo. Era um sonho meu ser pai, mas depois de estar casado e com uma pessoa que me fizesse muito feliz, no caso a Tanara. Inúmeras vezes me peguei pensando em nós dois juntos em uma casa e nossos filhos correndo em volta da piscina. Imaginava uma menina com o narizinho dela e com os meus olhos. De cabelos cor de mel iguais o da mãe. Sorri ao lembrar disso. Sai dos meus devaneios quando ouvi alguém bater na porta. Levantei e abri dando passagem pro Rober entrar.
-Não se vestiu ainda? - perguntou e eu percebi que ainda estava de toalha.
-Aconteceu uma coisa.
-Que coisa?
-A Julia me ligou.
-Luan... você tá tentando voltar com a Tanara, deixa a Julia cara..
-Ela tá grávida- falei de uma vez.
-Grávida?- ele sentou na cama pasmo- Tem certeza que é seu?
-Eu não sei, ela disse que sim.
-Mas ela pode está mentindo.
-Eu espero que sim- Virei de costas pensando no que faria caso ela não estivesse.
-A Tatá precisa saber disso.
-Você acha?
-Acho, e acho melhor ela saber da sua boca.
-Você tem razão. Pode ver com o Chico pra eu ir embora depois do show?
-Claro cara, eu resolvo isso pra você.
-Valeu.
Peguei uma roupa qualquer e fui me trocar. Saímos em seguida pra comer e depois ir pra rádio. Cumpri todos os compromissos daquele dia tentando esquecer de tudo, mas foi inevitável, minha cabeça estava a mil com essa ideia de ser pai. Só quando subi no palco e cantei pra mais de 70 mil pessoas que consegui, por uma hora e meia, pensar em outra coisa. Saí do show e fui direto pro aeroporto. Por incrível que pareça tinha fãs minhas ali - mesmo sendo mais de três horas da manhã - atendi elas enquanto meu celular tocava insistentemente no bolso. Despedi- me delas e atendi o telefone. Arleyde começou a ficou no pé do meu ouvido dizendo que eu tinha show no outro dia e era melhor dormir ali. Passei pro o telefone pro Rober conversar com ela e entrei no jatinho sem me importar em como ele a convenceria.

Horas depois chegamos em São Paulo, pensei em ligar pro meu pai, mas devido a hora não quis deixar ele preocupado. Rober me emprestou a chave do seu carro e disse que pegaria um táxi até sua casa. Agradeci e dirigi depressa pra casa da Tanara.

Juliana abriu a porta com a cara de sono. Me olhou assustada e saiu da frente pra eu passar. Subi as escadas correndo. Juliana veio atrás, mostrou com a mão onde era o quarto da Tatá e eu entrei em silêncio. Ela estava deitada de um jeito tão lindo que deu dó de acordar, mas eu não podia estar ali atoa. Sentei na cama e comecei a passar a mão no seu rosto lentamente.
-Luan? - ela perguntou baixinho.
-Preciso falar com você.
-Que horas são?- ela se levantou passando a mão no rosto- Devo estar horrível- riu sem graça.
-Você é linda de qualquer jeito- alisei seu rosto e ela colocou sua mão em cima da minha.
-O que aconteceu?
-Uma coisa muita séria.- Falei encarando o chão.
-Você tá me assustando.
-Eu tô assustado- disse com os olhos começando a marejar.
-Fala Lu..- ela segurou minha mão me passando força.
-Antes de tudo quero que saiba que eu te amo de verdade.
-Eu sei que sim- levou minha mão até sua boca e beijou.- Eu também te amo.- Disse fazendo meu coração dar um solavanco.
-A Julia está grávida- falei ainda de cabeça baixa.
De imediato a Tata soltou minha mão, levantou da cama e começou a andar pelo quarto de um lado pro outro. Não me encarou um segundo sequer e também não disse nada. Aquele silêncio estava me deixando mais aflito, entretanto eu não conseguia dizer nada, então esperei.
-Sai Luan- ela disse calmamente perto da porta.
-Você tem que me entender.
-Não, eu não tenho.- ela começou a chorar- Não vou ficar com você e assumir essa responsabilidade, é com ela que você tem que continuar.
-Mas eu não quero isso.
-Eu não posso fazer nada. Sai daqui por favor?
-Mas..
-SAAAI- Ela gritou me deixando assustado. Juliana apareceu na porta tentando entender.- SOME DA MINHA VIDA- Encarei Tanara frente a frente mas ela ficou olhando pro lado enquanto lágrimas caiam sem parar. Não tinha mas o que eu fazer. Saí dali com o coração na mão.
Entrei no carro sem saber pra onde ir. Podia ir pra minha casa mas achei melhor não.
Fiquei dirigindo sem controle pelas ruas de São Paulo, em alta velocidade já que as suas palavras se repetiam em minha mente "Some da minha vida". Aquelas palavras me invadiram por completo e eu me permiti chorar. Olhei pro banco do passageiro e me lembrei da gente indo pra chácara, rindo e cantando música. Sorri em meio as lágrimas. Voltei a me concentrar na estrada mas com a cabeça longe. Me lembrei do nosso primeiro beijo, o beijo que eu roubei. Lembrei de quando eu estava mal e ela me abraçava. Tudo mudava, eu sempre tive consciência disso.
De longe vi o sinal ficar amarelo acelerei ainda mais pra poder passar e não ter que parar. Mas eu parei. Parei sendo arrastado por um caminhão.

Abri os olhos lentamente mas logo fechei devido a luz forte em cima de mim. Abri de novo e virei o rosto tentando ver alguma coisa. Não conhecia aquele lugar. Não sabia onde eu estava. Olhei pra outro lado e vi meu pai sentado, com as duas mãos unidas e a cabeça baixa.
-Pai?- chamei devagar.
-Graças a Deus- ele se levantou e se aproximou- Como está se sentindo?
-Cansado. O que aconteceu?
-Você sofreu um acidente.- Depois que ele disse isso comecei a me lembrar de tudo..
-Tanara..
-Ela está aqui.
-Está? - perguntei surpreso.
-Posso mandar ela entrar se você quiser.
-Quero pai, faz isso pra mim?- ele assentiu e saiu do quarto.
Minutos depois ela entrou. Seus olhos estavam vermelhinhos e aquilo partiu meu coração. Ela se aproximou devagar mas não disse nada. Estiquei minha mão e alcancei a sua, trazendo-a próxima a minha boca e depositando um beijo.
-Eu queria que você sumisse e não que você morresse- ela disse sorrindo de lado.
-Eu tô bem.
-Graças a Deus né Luan? Se você ver o carro... está destruído, eu não sei nem como você não quebrou nada.
Olhei pro meu braço e vi alguns arranhões, passei a mão no rosto e senti alguns curativos. Por milagre eu estava vivo, sem nenhuma sequela. Voltei a olhar pra Tatá. Ela respirou fundo e me encarou.
-Me desculpa.
-Você não tem que pedir desculpa- falei tentando me levantar e senti uma dor forte nas costas.
-Não faz esforço- ela me ajudou a deitar de novo.
-Você não tem que me pedir desculpa- disse novamente- Você não tem culpa.
-Me sinto culpada.
-Não se sinta, não é culpa sua. A culpa é minha, é tudo culpa minha. Maldita hora que me envolvi com a Julia, eu não devia. Eu devir ter escutado você, devia ter esquecido aquela confusão, nada disso teria acontecido.
-Mas aconteceu, e se aconteceu é porque é da vontade de Deus- deu de ombros.
-A notícia do meu acidente saiu na mídia?
-Saiu, não teve como evitar. Os bombeiros te encontraram desacordados, ligaram pros seus pais e alguém que passou pro ali deve ter te visto, te reconhecido e avisou a mídia.
-Minhas fãs?- perguntei.
-Estão em campanha de oração por você. Já tem algumas na porta do hospital.
-Pode postar que está tudo bem?
-Posso. Vou mandar sua mãe entrar, ela tá louca pra te ver- falou se virando. Puxei seu braço.
-E a gente?
-Não tem mais chance Luan, não consigo mesmo conviver com isso, me desculpa.- falou com a voz falha, enquanto umas lágrimas voltaram a surgir em seus olhos.- Mas..- se aproximou de mim de novo e segurou minha mão- Eu ainda sou sua amiga- sorriu e passou o polegar de leve no meu rosto- Depois que falar com sua mãe, durma um pouco, o sol já está se pondo. Você vai ficar bem tá?- ela disse calmamente e eu assenti- Ninguém pode te machucar agora- disse quase num sussurro, me trazendo uma sensação de paz sem igual. Não tinha explicação pra ela dizer aquilo, mas era o que eu precisava ouvir, porque no fundo, fiquei com medo daquilo tudo.
Ela saiu e eu sorri pra ela. Minha mãe entrou chorando mas foi ficando mais calma quando viu que eu estava bem, até melhor do que ela achou que me encontraria.

Recebi alta no dia seguinte, pra minha surpresa. Saí do hospital e fui recepcionado por minhas fãs, com faixas e presente me dando total força e apoio, como elas sempre faziam. Atendi todas, uma a uma, era o mínimo que podia fazer pra agradecer, depois fui pra casa descansar. Tanara ainda estava ali e ouvi quando uma fã lhe disse:
-Cuida dele pra gente.


Nossa que capítulo tenso ein..O que será que nos espera nos próximos capítulos? Uma coisa eu garanto, muitas e muitas surpresas hahahah. Beijos.