Capítulo 43

Narrado por Tanara

Era domingo e fazia um sol muito bom em São Paulo. Eu não tinha que trabalhar mas também não estava com muito ânimo pra sair de casa. Bruna me ligou pra dizer que estava com saudades e implorou pra que eu fosse no churrasco que estava tendo em sua casa. Apesar de eu não querer muito aceitei seu pedido. Seria bom rever todos. Estariam seus primos, tios, tias, e muitas pessoas que eu já não via a muito tempo.
Fiquei ainda mais tranquila quando pensei que Luan estaria ocupado com seu trabalho e certamente não iria. Desde o show do Cristiano não tínhamos nos esbarrado mais.
Chamei Juliana pra ir comigo e ela aceitou. Nos arrumamos e uma hora depois saímos indo em direção ao famoso "Alphavile". Juliana vestia um vestido soltinho e estava com os cabelos presos num coque e eu vestia um short jeans e uma blusa caída nos ombros. Meus cabelos estavam soltos.
Nossa entrada estava autorizada e diferente do Royal Park a casa deles não era tão longe da entrada. Assim que chegamos vimos Bruna vindo em direção do carro com a Jéssica, Camila e a Amanda.
- E aí sumida? - Bruna disse vindo me abraçar assim que desci do carro.
-Olha quem fala- brinquei e fui abraçar as meninas- Saudades de vocês coisas feias- brinquei. Tinha intimidade pra isso.
-Também estava, você ein, cada dia mais gata, me conta o segredo- Jéssica brincou comigo.
-Nem sei- ri e elas foram cumprimentar Juliana.
-Bora brincar de gato mia?- Camila perguntou. Ela sempre me zoava desde a minha queda a milhões de anos atrás.
-Engraçadinha- peguei no nariz dela e apertei devagar.
Fui cumprimentar o resto das pessoas que estavam ali e fizeram a maior festa quando me viram. Meu sonho era ser daquela família, eles eram muito receptivos e era impossível não se divertir em churrascos que eles faziam. Sorte minha de ter sido "adotada" por eles que me tratavam tão bem. Entrei na cozinha pra abraçar dona Marizete e a Gogó e me deparei com Luan descendo as escadas com a camisa pendurada no ombro. Eu não esperava encontrá-lo ali.
-Você?- ele riu chegando mais perto.
-Eu- estendi minha mão pra ele pegar mas ele me deu um abraço.
-Qual é? Pegar na mão é coisa de gente que não se conhece direito e a gente se conhece. Até demais-riu e eu senti minhas bochechas queimarem.
Fui pra cozinha e enfim cumprimentei Marizete e Gogó. Fiquei ali com elas um tempo e depois fui pra área da piscina onde a maioria estava. Sentei com as meninas e a gente começou a conversar.
-Me conta Tatáh, voltou com o Rodrigo?
-Não, somos amigos- disse segura.
-Então me apresenta- Camila disse fazendo todas rirem.
-Quer mesmo que eu te apresente? Você faz o tipo dele.
-Sério? Fala pra ele que ele também faz o meu- rimos de novo.
Pedi licença e levantei pra pegar um refrigerante. Quando estava voltando pra perto das meninas, Marizete me puxou pela mão e me deu um abraço na frente de Max e os  irmão de seu Amarildo que estavam sentados bebendo cerveja.
-Essa é a minha nora preferida- riu e todos riram de volta.
-Mas você ein- ri e olhei em volta. Luan estava próximo e certamente ouviu.
Peguei minha bebida e voltei a conversar com as meninas.
O almoço logo saiu e fomos todos comer. Estava tudo uma delícia, a comida da Marizete era muito boa. Bruna me puxou pro quarto dela pra me mostrar umas coisas que ela tinha comprado, ela gostava de saber minha opinião, apesar de eu não entender tanto de moda como ela. Ficamos ali conversando e jogando conversa fora até Luan entrar no quarto com o seu copo de cerveja na mão.
-Seu amigo chegou piroca- Luan disse parado ainda na porta.
-Sério?! Vamos lá Tatá, deixa eu te apresentar o Rafa.- Ela disse levantando e me puxando pela mão.
Passamos pela porta e Luan me puxou pelo braço. Bruna o olhou e depois olhou pras mãos dele que me seguravam com força. Não disse nada, apenas esperei uma explicação.
-Ela vai jajá, antes queria falar com a nora preferida da maezoca.- Luan pediu rindo de lado pra Bruna que concordou e saiu rindo, na verdade, gargalhando.
-Aconteceu alguma coisa?- perguntei e ignorei seu comentário desnecessário.
-Vem cá- ele me chamou e me puxou pro quarto dele.
Assim que entramos ele fechou a porta e a trancou. Eu já não estava entendendo mais nada. Parei o encarando e ele veio se aproximando depressa. Segurou em minha cintura e me puxou pra perto dele.
-O que é isso?- perguntei tentando me afastar, mas ele era mais forte e me segurava impedindo que eu me afastasse.
-Isso o que?- ele disse alisando meu rosto e me olhando dentro dos olhos.
-O que você quer Luan?
-Só um beijo.
-Não, nem vem.- empurrei ele que se afastou e me encarou.
-Você ainda vai me enlouquecer, não sai da minha cabeça um minuto sequer.
-Não é culpa minha- falei séria cruzando os braços, acho que na verdade ele que queria me enlouquecer.
-Culpa sua, nem me envolver com outras eu não consigo mais.- Passou a mão no meu cabelo e fez cafuné.
-Papo furado.- Tirei a mão dele do meu cabelo.
-Não quer mesmo me beijar?- perguntou fazendo charme e mudando de assunto.
-Você é um cretino- empurrei ele- Por que faz isso comigo? Não sou seu brinquedo Luan.
-Eu não tô pedindo nada demais. Só um beijinho- riu sínico.
-Eu vou sair daqui- empurrei ele  de novo e destranquei a porta. Olhei pra ele de novo que me olhou desconfiado- Só um beijo?- perguntei rindo. Encarei sua boca e pensei um pouco. Ele riu de lado e me olhou esperando ver o que eu iria fazer. Não tinha como resistir, não tinha. Eu queria aquilo.

-Você me quer tanto quanto eu te quero- ele sussurrou me apertando pela cintura.
-Muito mais do que você imagina.- Respondi com as mãos ainda em sua nuca.
-Sua linda- disse e me deu um beijo no nariz.- me fazendo sorrir sem graça.

Saí dali antes que fizesse uma burrada. Ele tinha um poder sobre mim tão forte quanto o sentimento que eu ainda tinha por ele. Desci e fui onde Bruna estava pra ele me apresentar seu amigo. Cumprimentei ele e depois ficamos ali conversando. Luan desceu minutos depois, me encarou rindo de maneira sedutora e se sentou perto de seu tio. Logo a famosa roda de viola começou a se formar e eles começaram com a cantoria que nunca faltava. E se faltasse era de se estranhar.
-Toca Jorge e Mateus gente- Bruna pediu. Ela sempre pediu.
Eu fiquei um pouco desconfortável, Jorge e Mateus marcou muito o meu relacionamento com o Luan. Mas fiquei tranquila quando Rafael disse o nome da música e eu vi que eu não conhecia, assim ficaria mais fácil continuar ali. Ou não.
-Se não sou eu quem vai seeer?- ele começou e eu já abaixei a cabeça sem graça- Aconteça o que acontecer, eu não desisto de você jamais...- Olhei Luan que estava tão concentrado na letra quanto eu- Tanto faz se o mundo desabar, se for bom uma dia vai voltar. Voltar pra mim- Luan me olhou e quando viu que eu o olhava sorriu e piscou-  Eu tenho um dicionário de defeitos, desculpe amor esse é o meu jeito, esse é o jeito meu. Sem pensar me deixou aqui, pra pensar no que te faz feliz, te faz sorrir- Balancei a cabeça afastando a imagem do beijo de minha cabeça e bebi um gole do meu refrigerante- Se não sou eu quem vai ser? Se  não sou eu quem vai ser? - Olhei pra Luan que fez sinal com a mão como se me perguntasse o que dizia na música "quem vai ser?" e sorriu quando viu que estava pra me deixar louca- E se você quiser espero por você, e se você ligar eu corro pra atender. A meia noite ou quatro horas da manhã eu vou te encontrar na hora em que você chamar.
Levantei dali e fui pra cozinha, joguei o resto do refrigerante na pia e me escorei nela tentando digerir tudo. Em um dia ele me esnoba, no outro ele me provoca. Pera,eu  não estava acostumada com isso. Olhei pra porta e vi ele entrando com o seu inseparável copo de cerveja na mão. Ele parou enfrente a mim e eu o olhei esperando ele dizer algo, e assim ele o fez.
-Se não sou eu quem vai ser?- perguntou e começou a rir.
- O que te deu?
-Vontade de te ter- se aproximou cheirando meu pescoço.
-Tenho essa vontade também, mas não sei se é o certo.
-Como não?
-A gente terminou a pouco tempo.
-E namoramos por pouco tempo também.
-Exatamente... Tudo acontece muito rápido com a gente, mais o que eu sinto quando acaba, parece uma eternidade.
-Eu juro que dessa vez será diferente.
-Não depende de você.
-Depende da gente-ele disse colocando seu copo na pia atrás de mim e segurando minhas mãos- Se a gente quiser vai dar certo.- colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha
-Mas eu ainda tenho medo.
-Não tenha- disse num sussurro, agora muito próximo a minha boca.
-Vamos dar mais um tempo.- pedi com os olhos fechados esperando pro seu beijo.
-Se no final você for minha, espero o tempo que for- falou e enfim me beijou.
Fiquei surpresa com suas palavras, lógico que eu queria voltar pra ele, mas agora já não sabia se isso seria o melhor pra nós dois. Dei de ombros e aproveitei aquele momento, o nosso momento. 

Passando rapidinho pra postar mais um :) Beijos!