Capítulo 90

4 meses depois...

-Luaan caramba, estamos atrasados.
-Eu tô indo- falou descendo as escadas passando a mão no cabelo.
-Corta esse cabelo e ele para de te dar trabalho- zombei rindo e ele fez careta.
-Cê sabe que meu cabelo é mais importante que ocê.
-Ah é?- fiz cara de brava mas sabia que ele estava brincando.
-Nunca né mô.- me puxou pela cintura e me abraçou por trás.- Vamo apressadinha?
-Vamos vamos, tô muito curiosa.
-Novidade- saiu me puxando pra ir pro carro.

Estávamos a caminho de mais um ultrassom. Em nosso último, quando eu estava com 4 meses,  voltamos frustados pra casa por não termos conseguido saber o sexo, simplesmente porque meu bebê estava de pernas cruzadas.. Era sapeca desde pequena(o) . Mas isso no fundo foi bom, porque poderíamos avisar pras fãs no mês seguinte qual seria o sexo, ou seja, elas descobririam junto com a gente praticamente, se ele não cruzasse as pernas de novo.

- Temos umas coisas pra conversar- ele disse dando partida no carro.
-Lá vem- coloquei o cinto.
-É sério Tatáh, Nicole é um nome tão lindo.
-A gente nem sabe se vai ser menina.
-Mas se for menino..
-Eu sei, Breno... Tô cansada de saber que você quer ter Nicole e Breno, você não deixa eu esquecer isso, desde que marquei a data pra descobrir o sexo que você tá me atazanando com esses nomes. Fora que suas fãs já me falaram a mesma coisa mil vezes..
-Então, amor. Elas também aprovam. Não custa nada colocar os nomes que eu quero, são lindinhos. Olha só, vamos chamar ela de Nick princesa. E se for menino vai ser o Brenão, porque Breninho é mei gay.
-Você é uma graça- eu ri e encarei a janela.
-Por quê?- eu não o olhava mas tinha certeza que uma de suas sobrancelhas estava levantada.
-Porque estamos a caminho de descobrir o sexo do nosso primeiro filho e você já pensando nos apelidos e se eles são gays ou não.
-Ah amor.. - riu e deu de ombros- Normal..
-Tá bom.

Fomos calados o resto do caminho. Meu peito estava apertado. Uma mistura de angústia, alegria, curiosidade, enfim, uma explosão de sentimentos pairavam dentro de mim.

A minha semana tinha sido longa, mesmo acompanhando Luan em várias coisas, ela parecia passar lentamente, de domingo pra segunda então foi terrível, mal dormi, sem contar o medo que eu estava de me atrasar. Eu não sabia o que era ter uma mãe na minha vida, mas estava começando a aprender o que era ser uma.
Li bastante coisas sobre sexo da criança, coisas do tipo tubérculo genital, ouvi sobre isso na minha faculdade de medicina e analisei meus últimos ultrassons tentando adivinhar sozinha o que poderia ser. Tinha meu palpite mas não compartilhei com ninguém. Não importa o que fosse, seria muito amado.


Chegamos no hospital e avistamos de longe Marizete que já estava lá com seu Amarildo e Bruna tão ansiosas quanto eu e Luan. Não demorou muito pra sermos chamados e a sala ficou pequena pra tanta gente. Fiquei feliz em tê-los comigo.
Cumprimentei a Mônica e em seguida eu deitei na maca. No geral foi bem rápido, ela colocou o aparelho na minha barriga e começou a sorrir.
-Você veio pra ter a certeza que é uma menina né? - falou e Luan apertou minha mão. Quando o olhei vi que ele estava pasmo. Bruna bateu palminhas e deu uns pulinhos, eu sabia que ela faria minha filha de boneca. Marizete chorava enquanto seu marido a abraçava.
-Não acredito- sorri pasma como o Luan- É, eu desconfiava.
-Olha, deixa eu explicar. Tá vendo aqui, esse é o tubérculo genital da sua filha, no geral eles se formam do mesmo jeito tanto pro sexo feminino quanto pro masculino, mas aqui já dá pra perceber os grandes lábios se formando, ou seja, garanto 90% de chance de ser uma menina mesmo.
-Então pode ser menino?- Luan perguntou e todos o olharam.
-Poder pode, mas... há mais chances de ser menina entende?
-Entendo, mas tem 10% de chance de ser menino.
-Amor, é uma menina, fim de papo.- falei e todos riram.
-Eu queria menina mesmo - deu de ombros e selou nossos lábios- Posso contar pras minhas neguinhas?- perguntou sorridente e eu assenti sorrindo também.

Horas depois, quando voltávamos pra casa, entrei pra ver o que ele tinha postado e o que as meninas acharam.

A família estava dividida, muitos diziam que era um menino, outros que era uma menina, mas o ultrassom revelou 90 % de chance de ser MENINA. Então, ainda pode ser homem também né.. Tem 10% de chance de ser um homi.. Mas pensando bem, eu até prefiro menina. Minha mãe disse que geralmente as meninas se apegam mais com os pais ( chupa essa @tanara_) .

Tenho certeza que não vai faltar amor e carinho pra essa princesa.

Sorri com a foto e principalmente com sua legenda. Eu sabia que ele tinha conseguido aquela foto com a enfermeira, e o vi conversando com sua mãe, agora eu sabia o que eles falavam. Fiquei extremamente feliz em saber que o meu marido estava feliz em ser pai, e bom, ele merecia um agrado por isso. Entrei em um site na internet e pesquisei o significado do nome Nicole, era de origem Grega, significava " a que vence com o povo", ou seja, seria uma guerreira. Sorri e Luan me olhou enquanto passava a macha.
-Que foi amor?
-Olha isso. "Numerologia: alma- Você terá uma filhinha sempre por perto. Ela é uma garota que precisa das pessoas que ama por perto. É caseira, tranquila, e gosta de sentir-se segura." No destino fala assim "Ela é guerreira e as dificuldades é um estímulo pra ela."
-Tô entendendo nada.
-Isso são algumas relações com o nome da nossa filha.
-E qual vai ser o nome?-ele sorriu de canto.
-Como qual? Nicole uai, você não quer?- Luan me olhou com um sorriso enorme. Seus olhos brilharam na mesma hora.
-Obrigado amor- falou passando a mão em minha perna.
-Não me agradece, você tem toda razão, é um nome lindo.
-Viu, eu disse- se gabou limpando uma lágrima que desceu involuntariamente.
-E você acredita nessas coisas de numerologia?
-Não, mas gostei do que cê leu. Caseira, tranquila, solteira até os 40 anos..  é a filha que eu pedi pra Deus.- comecei a rir e ele sorriu junto. A menina nem tinha nascido e já tinha um protetor ciumento.

5 meses depois...

Minha barriga estava enorme, eu já não conseguia mais acompanhar Luan nos shows. Sua rotina estava ainda mais pesada, e sua agenda lotada , o que contribuía e muito pra nossa saudade aumentar.
Ficava na casa dos pais dele já que ele não queria que eu ficasse sozinha. Marizete me mimava muito e eu amava.

Depois do almoço Bruna quis assistir filme, eu topei e ela foi preparar coisas pra gente comer. Sentei no sofá a esperando e senti Nicole se mexer. Passei minha mão na barriga a acalmando, ela era bem agitada. Peguei meu celular e fui ver as fotos pra ver se matava, pelo menos um pouco, a saudade do meu marido. Decidi postar uma foto nossa pra ele saber que sim, ele fazia muita falta.

Tem dias que eu acordo pensando em você, em fração de segundos vejo o mundo desabar.. E aí cai a ficha que eu não vou te ver, será que esse vazio um dia vai me abandonar? 

Depois que postei deixei o celular de lado e coloquei o filme no DVD, deixei tudo preparado, no ponto de dar o play pra começar o filme. Bruna voltou cheia de coisas na mão, levantei sorrindo pra ajudá-la e senti novamente Nicole se mexer, mas o seu último chute me incomodou um pouco, uma dorzinha de leve. Era normal, faltava uma semana só pra ela vir ao mundo. Tudo estava resolvido, Luan estaria junto e eu estava mais ansiosa que nunca.
Voltei a me sentar no sofá e comecei a comer primeiro a pipoca enquanto Bruna deu play. O filme começava meio chato, tão chato que quase dormi, só não dormi mesmo porque as dorzinhas que eu estava sentindo começaram a se intensificar.

Quando o filme acabou Bruna olhou pra mim preocupada.
-Tá tudo bem?
-Sim, porque  a pergunta?
-Você não parou quieta nesse sofá.
-É sua sobrinha, ela não para de mexer.
-Sério? Deixa eu sentir- ela falou toda boba e colocou a mão na minha barriga, na mesma hora Nicole chutou- Caramba, que forte.
-Ela mexe bastante, mas hoje ela tá mexendo muito- fiz careta- Ta doendo.
-Será que..- ela me olhou assustada.
-Não, não tá na hora, tava previsto pra semana que vem.
-Você não quer ir por hospital?
-Vai me cansar mais, deixa pra lá. Isso é normal, logo passa.
-Se piorar me avisa.
-Aviso sim.

Subi pro quarto e fui dormir um pouco. A dor estava cada vez pior, mas não quis incomodar ninguém. Aquilo era normal, afinal, faltava pouco.

Perto das 11 horas da noite eu já não suportava mais, minha barriga ainda doía e Nicole se mexia muito, muito mesmo. Fui até o quarto falar com minha sogra e ela disse que era melhor irmos pro hospital. Fiquei meio constrangida, afinal, ela já até dormia, mas estava tão ruim sentir aquilo que não tive outra escolha.
Esperei Marizete se vestir e logo liguei pro Luan:
-Amor, estou indo por hospital.
-Já tá na hora?- perguntou preocupado.
-Não sei, mas tô sentindo umas dores cada vez mais fortes.
-Poxa amor, mas eu queria estar com você, vou entrar no palco daqui a pouco- percebi sua voz começar a falhar, de certo ele estava com medo de eu ter Nicole e ele não está pra ver.
-Amor não tenho certeza de nada, faz seu show tranquilo, eu te aviso qualquer coisa.
-Tudo bem, deixa eu falar com minha mãe. E se cuida. Mesmo longe estou com você.
-Eu sei, te amo.
-Eu também te amo- entreguei meu celular pra minha sogra e Bruna me ajudou a entrar no carro.

Assim que chegamos na maternidade nos levaram pra um quarto. Naquele dia minha obstetra estava de folga mas ela disse que iria ao hospital me olhar. Enquanto eu a esperava uma enfermeira veio me examinar.
-A Nicole tá virada pra cima.
-E isso é ruim?
-Não é motivo pra se desesperar, vamos esperar ela virar pra fazer o parto.
-FAZER O PARTO?- perguntei nervosa já querendo chorar.
-Sim, não dá pra esperar até semana que vem, o espaço parece bem pequeno pra ela.
-Mas.. o Luan- olhei pra Marizete que estava ao meu lado.
-Não se preocupe com isso querida, vai dar tudo certo.
-Mas ele queria tanto, e eu sem ele não consigo.
-Eu tô aqui.
-Fala com ele, por favor. Ele tem que vir.
-Não fica nervosa Tanara- a enfermeira falou- De qualquer maneira estamos esperando a Dr. Mônica, e também temos que esperar a Nicole descer. Acho que dá tempo do seu marido chegar.
-Liga pra ele, fala pra ele vir quando acabar o show. Por favor.
Marizete assentiu e saiu pra ligar pro Luan.
Eu estava feliz e angustiada ao mesmo tempo, feliz por saber que em poucas horas conheceria minha filha, e angustiada porque talvez não desse tempo do Luan chegar. Ou talvez, ele não pudesse nem vir.

E agora? Será que vai ter algum problema por a criança está virada pra cima? Será que Luan vai? E se ele for, será que chega a tempo? TAM TAM TAM TAM (música de suspense kkk) Vamos esperar.. Eu só posto o 91 depois de 5 comentários.. Beijos:x