Capítulo 88

Fazia tempo que eu não via aquele cara, e pra ser sincero ele não me fazia falta alguma.
Rodrigo estava sentado ao lado da minha irmã e era visível que o papo parecia bom, já que Bruna sorria. Tanara pegou no meu ombro e eu a olhei.
-Sem crises tá? - assenti ainda incomodado.
Logo em seguida, ela foi ajudar minha mãe com a comida e eu fui cumprimentar minha irmã, que naquela animação com seu amiguinho nem me viu chegar.
-Oi pra você também, Bruna.
-Pii- ela levantou e me abraçou- Que surpresa.
-Não queria eu aqui né?
-Larga de ser dramático- ela sorriu e me abraçou de novo.
-E aí- Rodrigo falou e fez um gesto com a cabeça mas eu ignorei. Não era obrigado a gostar dele e nem ser educado. Bruna sorriu sem graça pra ele e voltou a se sentar onde estava, apenas esperando eu sair.
Saí de perto e tentei me controlar, pela minha esposa que me olhava de minutos em minutos como se eu fosse quebrar o tal Rodrigo na porrada. Bem que eu queria.

O churrasco seguiu normalmente e volta e meia eu olhava pra Bruna e Rodrigo que estavam cada vez mais próximos. Tentei não olhar pra controlar o ciúmes que eu estava mas era difícil. Eu não era ciumento com a Bruna, pelo contrário, sempre dei dica e tal, mas ver ela com o Rodrigo tava me deixando perturbado. Sim, era por ele, não confiava nele, acho que era pelo fato dele ser ex namorado da minha esposa. Isso seria estranho, imagina se ele entra pra família. Não, que loucura cara.
Em meio aos meus devaneios vi Rodrigo alisar o rostinho da Bruna e ir se aproximando dela devagar. Aí já era demais.
-BRUNAAA, VEM CÁ.- Gritei e ela se afastou do Rodrigo assustada- Quero falar com você. - a encarei.
-Fala.- ela veio emburrada e parou em minha frente de braços cruzados.
-Cê ta ficando com aquele cara mesmo?- tentei manter a calma.
-Pi, por favor- ela descruzou os braços e me olhou- Eu não sou mais criança.
-Cê tem razão- abaixei a cabeça assumindo meu erro, também não era motivo pra tanto-  É que eu fiquei tão longe de casa que acabei perdendo seu crescimento. Pra mim é como se ocê ainda fosse minha irmãnzinha.
-Mas eu ainda sou pi- ela segurou minhas mãos- Sempre vou ser, só que já sou maior de idade- sorriu e eu sorri junto. -O Rô é um cara legal, educado, esforçado. E ele cuida de mim. Se você der uma chance pra ele se apresentar melhor vai perceber isso. Tira da cabeça que ele já namorou com a Tatáh, eu também fiz isso. Ou você acha que eu achei normal essa história de ter um lance com o ex da minha cunhada?
-Você tem razão, me desculpa.- Abracei ela que logo voltou a ficar do lado dele.

Sentei na rodinha de viola que tava formada e peguei o violão. Rodrigo e Bruna se juntaram e eu percebi que ele conhecia as moda bruta que eu gostava. Tá bom, ele não era mais tão idiota pra mim.
Peguei o violão e acompanhei algumas modas, não quis cantar, tava só tocando mesmo.

-Pow cara, uma roda de viola, só musica top, e o cantor não vai cantar nada?- Rodrigo falou puxando papo e percebi Bruna ficar tensa ao seu lado, as vezes ela pensou que eu ignoraria ele de novo.
-Cê tem razão- falei e todos me encararam- Vou cantar, e vou cantar uma "procê".- Bruna arregalou os olhos. - Relaxa- eu falei pra ela e comecei a tocar música

Sabe aquela menina sentada ali, 
com olhar desconfiado, 
tão inocente, 
Eu já fui doente naquela mulher. 
Eu sei que agora ela dele tá olhando de lado, 
Tão sem graça vendo o presente e o passado conversando de um assunto, 
Ela já sabe qual é. 
Esse é meu único aviso, se ela quis ficar contigo, faça ela feliz, faça ela feliz.

Enquanto eu cantava percebi Rodrigo balançando a cabeça como se concordasse com as palavras, eu poderia estar errado, mas na minha cabeça era como se ele tivesse falando pra mim, em relação a Tanara. Mas o que eu queria mesmo era tocar ele em outra parte, e isso, o refrão faria por mim..

Cuida bem dela você não vai conhecer alguém melhor que ela, 
Promete pra mim o que você jurar pra ela você vai cumprir. 
Cuida bem dela ela gosta que repare no cabelo dela, 
Foi por um tris mas fui incapaz de ser o que ela sempre quis. 
Faça ela feliz.

 Ele sorriu e acho que entendeu o que eu quis dizer.
Deixei o violão de lado e fui pegar outra cerveja, ele levantou e veio atrás, aproximou o seu copo como se estivesse pedisse pra eu colocar pra ele também.  Gentilmente servi seu copo e quando ia sair ele me chamou: de novo
-Precisamos conversar.- assenti e ele bebeu um gole de sua cerveja- Eu entendi o que você quis com aquela música. No começo eu achei que as palavras se encaixasse mais com você, já que eu assumo, fui doente na Tanara- sorriu sem jeito enquanto eu continuei sério- Ainda somos amigos e eu preservo a felicidade dela, e te digo as mesmas coisas que diz na música, "se ela quis ficar contigo, faça ela feliz"- deu outro gole- Mas, eu entendi que o que você queria mesmo era me falar, involuntariamente, pra eu cuidar da sua irmã- assenti- Eu te prometo Luan, que tudo que eu jurar pra ela eu vou cumprir- disse me encarando com sinceridade- Vou reparar no cabelo dela e farei ela feliz. E isso não por você cara, nem por mim. Isso por ela, porque eu a amo. Confia em mim- sorriu a olhando, e eu, como homem, sabia quando um outro homem dizia a verdade, e ele dizia. O que me deixou bem mais aliviado.
-Desculpa ter te julgado mal- coloquei a mão em seu ombro e percebi de longe Tanara e Bruna me olhando com sorrisos lindos em ambos os rostos.
-Tudo bem, eu te entendo.- Bruna e Tanara se aproximaram ainda sorrindo.
-Tudo certo por aqui?- Bruna perguntou.
-Tudo tranquilo- Rodrigo respondeu olhando pra ela.
-Vamos dar uma volta?
-Claro. Até mais- ele falou e segurou sua mão levando ela pra onde eu  não sei.
Assim que eles saíram Tatáh pegou em meu ombro sorrindo satisfeita.
-Estou feliz em ver que você se rendeu ao charme do Rodrigo- ela falou me zoando e eu revirei os olhos- Brincadeira, mas estou muito orgulhosa. Você me ouviu e isso me enche de alegria.- me deu um selinho.
-Se o fato de eu te escutar e fazer o que você quer te deixa tão feliz, eu vou tentar fazer isso sempre.
-Eu acho que Deus não poderia me abençoar de maneira melhor. Eu te amo.
-Eu também te amo- a puxei e beijei seus lábios calmamente. Não foi um beijo longo, mas durou o tempo suficiente pra provar como nos amávamos. - Mudando de assunto...- falei ainda abraçado a ela- Cê tá tão bonita.
-Ai que príncipe, obrigada. Você também tá um gatão.
-Sempre né, baixinha. Confessa!
-É- ela sorriu e me abraçou- Vamos, a comida tá pronta.
-Opa.

Comemos alegremente e o clima ficou bem mais descontraído.

Depois do almoço voltamos a tocar umas modas e Rodrigo até arriscou soltar a voz. Minha irmã estava feliz e eu automaticamente fiquei feliz também. Ela merecia alguém pra dividir carinho e amor.

Quando começou a anoitecer Rodrigo se despediu de todos e em seguida caminhou até onde eu estava com a Tatáh.
-Vou nessa- ele sorriu com a mão no bolso. Tanara levantou e o abraçou calorosamente, também não precisava disso tudo, mas tentei continuar de boa.
-Você tá cada dia mais linda- ele a elogiou e eu engoli seco, "vai elogiar minha irmã cara, deixa minha muié." Pensei sozinho ainda de cara fechada.
-Ah, que isso.
-Grávida então, tá ainda mais bonita. A grávida mais linda do mundo- Fala sério, ele estava exagerando nos elogios.
-Então falou Rodrigo, cuidado na estrada- falei levantando e pegando em sua mão.
-Valeu - sorriu sem jeito- Vamos andar de lancha qualquer dia?!
-Eu sempre quis ir mas cê nunca me levou Rô.- Tanara falou fazendo a voz manhosa. Aiai..
-Você tava sempre ocupada Tatáh, mas vamos marcar de ir nós quatro.
-Ok- ela o abraçou de novo e ele saiu com a Bruna em direção ao seu carro.
Tanara sentou na rede onde estávamos antes e me chamou com o dedo pra sentar com ela. A olhei sério e saí dali.
Ela precisava ficar manhosinha perto dele? NÃO, ELA NÃO PRECISAVA.

Eu e Tanara tínhamos chegado em casa a pouco tempo e eu não tinha mais falado nada com ela na casa dos meus pais. Ela percebeu que eu estava estranho e não ficou em cima, não sei se achava isso bom ou ruim. Assim que chegamos em casa, depois de fechar a porta, começamos a discutir.

-Ou você é sonsa ou se faz.
-Nem começa- ela se jogou no sofá- Não quero brigar.
-Lógico que você não quer brigar, se acha certa né? Queria por que queria que eu me desse bem com aquele cara. Aí eu faço um esforço, fico de boa e quando vejo tá lá ele elogiando você sem necessidade.
-Não tô ouvindo isso, eu não tô- ela sentou e colocou a mão no ouvido.
-Isso,finge que não ta me escutando mesmo, vai lá jogar charme pro "Rô" vai.
-Luan você é louco? Isso não faz sentido algum. O Rodrigo tá com sua irmã agora. Eu não fico jogando charme pra ninguém, muito menos pro ficante ou sei lá o que da MINHA CUNHADA.- deu enfâse me encarando raivosa.
-Ah me poupa né? Ele falou hoje na minha cara que era doente de amor por você. Depois vem de cantadinha pro seu lado. Deve tá pensando que eu sou trouxa- agora nem sei mais se confiava que ele gostava da minha irmã mesmo. Estava bem confuso.
-O que eu tive com o Rodrigo é passado. PAS-SA-DO! Não é com ele que eu estou casada, não é com ele que vou ter um filho, e não é ele quem eu amo!
-Ah mais ficar manhosinha lá cê fica né? É o quê que cê quer ? Chamar atenção? Quer os holofotes todos pra você?
-Quer saber de uma coisa?- ela se levantou me encarando- VAI VOCÊ E SEU CIÚMES PRO INFERNO- gritou e subiu as escadas indo pro nosso quarto.

Era só o que me faltava, ela agora brava comigo. Eu que tinha motivo, não era eu que tava de manha pra cima de ex namorada. E não era ela que teve que ouvir minha ex me elogiar.
"Grávida mais linda do  mundo"... ninguém perguntou a opinião dele.

Horas mais tarde, ainda sentado no sofá comecei a pensar melhor naquela confusão toda. Tanara ainda não tinha saído do quarto e eu sabia que a situação estava bem feia pro meu lado. Será que eu tinha pegado pesado? Mas eu não era o único culpado, era?
Eu teria show no dia seguinte e não sabia como ia ser nossa situação se ela não falasse comigo, mas conhecendo bem minha esposa como conheço, ela não iria se não nos acertássemos.
O pior nem seria isso, o pior seria se ela quisesse dar um tempo. Será que aquilo era motivo pra ela me deixar? Não, Deus me livre ficar sem ela, seria um pesadelo acordar e não a ver do meu lado.
 É, realmente, o ciúmes faz a gente sofrer demais, eu tinha que aprender a controlar isso ou a perderia pra sempre. Mas, e agora? O que eu poderia fazer? Ela não me perdoaria tão fácil, ainda mais sensível como ela andava, aposto que tinha dito coisas que a deixaram magoada, e sabia que ela poderia estar no nosso quarto se matando de chorar. Eu precisava agir, e rápido.

Capítulos pequenos pois estamos na reta final.. Eu tô escrevendo vários pra tentar postar com mais frequência.. Música do capítulo chama-se: CUIDA BEM DELA, do HENRIQUE E JULIANO.
Por hoje é isso. Beijos :x