Capítulo 57

[...] Saí da casa da Juliana pensando em tudo que ela havia me dito, mas realmente já não dava mais pra desistir, e eu tinha que aceitar o fato de que minha história, a partir do dia seguinte, seria com uma outra pessoa.
Fui pra minha casa e minha mãe me esperava preocupada no sofá. Assim que passei pela porta ela se aproximou passando a mão no meu rosto sem dizer nada, apenas me passando carinho. Beijei sua testa e fui pro meu quarto. Deitei na cama e não demorou muito pra eu pegar no sono e dormir.

No dia seguinte acordei por volta das 3 horas da tarde. Acordei com minha mãe abrindo as cortinas do quarto. Sentei na cama e cocei os olhos.
-Meu querido, o dia vai ser longo.- ela disse se sentando próxima a mim.
-Tô com uma puta dor de cabeça- reclamei da ressaca.
-Você bebeu muito ontem?- assenti e ela me olhou brava- Vou pegar um remédio pra você enquanto isso você toma um banho.
Levantei a obedecendo e fui tomar banho. Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo eu fui pensando em tudo que aconteceria naquele dia, e pensando que no dia seguinte, minha vida seria completamente diferente. Julia escolheu ir pro Cancun na nossa lua de mel. Eu aceitei, mas não estava empolgado como ela. Nossa casa estava comprada, e durante nossa lua de mel, contratei uma equipe para mobiliar tudo. Como minhas férias ainda não havia terminado dava pra eu passar quase uma semana em Cancun com a Julia, e eu estava torcendo pra que naquela viagem eu começasse a sentir felicidade, porque sinceramente eu já nem sabia o que era isso.
Saí do banheiro enrolado na toalha e fui pro guarda-roupa escolher uma roupa pra vestir. Coloque só uma bermuda, sequei meu cabelo com a toalha e desci pra comer algo. Minha mãe preparou uma mesa aparentemente só pra mim, já que eu não via nem sinal da Bruna e do meu pai, eu nem sabia se eles iriam no meu casamento. Mas também já tinha passado da hora do almoço, só eu mesmo pra levantar as 3 horas e ainda ir tomar "café da manhã"...

Assim que terminei de comer a Van chegou pra arrumar o meu cabelo. Como sempre ela arrasou deixando do jeito que eu gostava. Me despedi dela que também estava com pressa afinal ainda se arrumaria pra ir pro meu casamento. Fui pro banheiro e ajeitei minha barba.
Por volta das 6 horas comecei a vestir meu terno, já que dali a uma hora eu teria que estar na igreja. Me vesti sozinho, sem ajuda do meu pai pra ajeitar minha gravata, senti sua falta já que ele sabia dar nó melhor do que eu. Estava me sentindo só e muito mal, tanto por não ter o apoio dele, como por está tendo que casar sem muita vontade.
Assim que desci a escada, me deparei com meu pai, minha mãe e minha irmã vestidos formalmente pra cerimônia. Sorri pros três, pela primeira vez no dia. Saber que eles não me deixariam não mão como eu pensei que me deixariam- com exceção da minha mãe que eu sei que nunca faria isso- me fez muito bem. Me pai chegou perto ajeitando minha gravata, eu sabia que ela não estava direito, mas não tinha paciência de arrumar.

A igreja não era muito longe da minha casa e em minutos chegamos ali.
Apesar de ter sido tudo em cima da hora já avistei muitos dos meus amigos, que certamente deram um jeito de comparecer, já que muitos tinham compromissos a cumprir.Cumprimentei todos e tentava passar pra eles uma felicidade que não existia. Que eu mesmo nem sentia.
Julia se atrasou por uma hora mais eu nem liguei. Se ela não fosse eu acharia até melhor... Mas foi só eu pensar nisso que fui avisado de que ela havia chegado. 
Me posicionei ao lado do altar e logo se iniciou a marcha nupcial.. Agora não tinha mais saída. Em questão de minutos eu estaria casado.

Narrado por Tanara

Após uma noite dominada pelos meus pensamentos, acordei decidida a voltar pra São Paulo. Minhas coisas ainda estavam na mala, eu nem havia desfeito. Coloquei algumas coisas que achei espalhadas pelo quarto de qualquer jeito nela e fui tomar um banho. Vesti uma calça jeans e uma blusa de alça. Desci pra comer com minha tia e também para lhe avisar que iria embora. Como ela sempre fazia, ela insistiu pra que eu ficasse mais, só que eu tinha minhas responsabilidades, e o consultório não podia ficar sem mim por muito tempo.
Depois que comi, subi pra pegar minha mala. Vesti um blazer por cima só pra não ter que abrir a mala pra guardá-lo e depois minha tia me levou ao aeroporto. Avião pra São Paulo tinha toda hora, então foi tranquilo achar uma passagem pra mim. Em uma hora e alguns minutos- sem escala- eu já havia chegado.
Peguei um táxi até minha casa. Olhei no relógio e ele marcava 10:30 da manhã.
Paguei o taxista e ele saiu do carro pra me ajudar com as malas. O agradeci e peguei a chave da minha casa na bolsa. Entrei em silêncio e Demétria já apareceu saltitando na sala. Acho que ela sentia o meu cheiro. Fiz carinho nela apesar de ela me fazer começar a lembrar do Luan de novo. Fui até meu quarto e ela veio atrás.
Como eu estava sem sono, me sentei na cama e comecei a desfazer minha mala. Seria loucura minha ou meu quarto estava com o cheiro do perfume do Luan? Me perdi novamente com meus pensamentos.
-Tatá é você? - ouvi Juliana perguntar assustada.
-Se fosse um ladrão ia muito falar né Juliana?- a zoei.
-Amigaaaaaa- ouvi seus passos depressa vindo pro meu quarto- Pensei que ia me abandonar- me deu um abraço forte.
-Dramática.
-Como você tá?
-Não sei, acho que louca.. Estou sentindo o perfume dele aqui.
-Ele esteve aqui ontem- ela disse me pegando de surpresa.
-Esteve?
-Sim, veio atrás de você. Que mensagem é essa que você enviou pro Luan?
-Ele veio por causa da mensagem?- perguntei tentando entender.
-Acho que foi, mas que mensagem é essa?- Juliana perguntava curiosa. Contei pra ela qual era a mensagem e ela ficou boquiaberta- Você queria deixar o menino louco?- riu me fazendo rir junto.
-Não era isso, quem estava louca ontem era eu. Enviei sem pensar em nada, mas me arrependi logo em seguida.
-Então você ainda não sabe que hoje é o casamento dele?
-Hoje?- levantei da cama assustada- Como assim hoje? Faz pouco tempo que ele anunciou isso.. Ele não pode casar assim.
-Eu disse isso pra ele, mas ele disse que estava um pouco tarde pra desistir.
-Por que ele tá fazendo isso?- perguntei indignada.
-Ele está se sentindo culpado.
-MAIS FOI UM ACIDENTE...
-Eu sei amiga, eu sei.. mas ele não se convence disso.
-Luan é um imbecil, é isso que ele é.- falei inconformada e deitei na cama chorando com aquela notícia repentina.
-Amiga não fica assim- Juliana tentava me acalmar, mas foi em vão.
-Juba, me deixa sozinha?- pedi e ela assentiu saindo do quarto.
Peguei minha caixa no guarda-roupa e revi todas as nossas fotos juntos, começando a chorar ainda mais. Peguei em mãos uma foto nossa de quando estudávamos. Me lembrei do urso que ele tinha me dado e fui até o guarda-roupa novamente pra pegá-lo. Abracei ele enquanto as lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto. Fui até a cozinha, bebi um copo de água pra tentar me acalmar enquanto tentando também acreditar que ele estava fazendo aquilo. Voltei pro quarto e deitei na cama ainda abraçada com o urso. Demétria subiu na cama me lambendo, como se entendesse que eu estava triste e como se dissesse que estava ali pra me consolar. Fiz carinho nela e fiquei ali daquele jeito por horas.. Com a cabeça a mil.

Horas se passaram e eu ainda estava deitada na minha cama derramando lágrimas infinitas que caiam insistentemente. Uma dor me preenchia e minha vontade era sumir dali. Olhei pra escrivaninha e vi as horas. Era agora, certamente ela estaria entrando na igreja. Por que ele estava casando com aquela garota fútil? Por que ele tava fazendo isso comigo depois de alimentar as minha esperanças de que ficaríamos juntos ainda?
Num ato impensado levantei da cama, vesti um casaco, desci correndo as escadas e entrei no meu carro indo em direção a igreja. Parei o carro algumas quadras antes, e fui andando o resto do caminho. Entrei na igreja e fiquei escondido atrás da cortina que enfeitava a porta. A igreja era toda enfeitada com rosas brancas.
De longe reconheci alguns amigos seus, e, no altar, estava ele parado. Lindo. Com um terno que ficou impecável nele.
A cerimônia não tinha começado ainda, e ela estava atrasada. Normal, isso sempre acontece. Olhei pra porta e a vi descer do carro. Ela vestia o vestido mais lindo que eu já vi em toda minha vida. Gritava com as damas de honra pra que elas fossem logo entrar e eu neguei o que vi com a cabeça.  Não estava acreditando que ele se casaria com ela mesmo. Isso certamente não era como ele pensava que seria. Ela não era o tipo dele em nenhum sentido, e eu sabia que ele não a amava. A marcha nupcial começou e todos se levantaram, aquilo soava pra mim mais como uma marcha fúnebre. As damas começaram a entrar uma atrás da outra e ela veio atrás, agarrada ao braço de seu pai e com um sorriso enorme no rosto. Olhei pra Luan e ele não parecia tão feliz quanto ela. Comecei a chorar pensando em ir embora, mas algo mais forte me prendia ali. A cerimônia ocorreu normalmente e eu ouvia tudo que o padre falava atentamente. Juras e juras de amor eterno que eu sabia que Luan não sentia por ela. ELE NÃO SENTIA NADA DISSO POR ELA. PRA QUE TODAS ESSAS COISAS?
Após o terrível "sim" de ambos o padre perguntou:
-Se alguém tem algo contra esse casamento, fale agora ou cale-se para sempre.
Me virei em direção a saída. Não ouvi ninguém dizer nada. Era o fim.

Não sou o tipo de garota que interrompe casamento, mas Luan era perfeito demais para aquela mulher. Me virei pra frente e levantei a mão trêmula. O Padre me encarou fazendo todos presentes me olharem também. Luan olhou pra trás surpreso e vi seus olhos se encherem de lágrimas.
-Não faça isso Luan, você não a ama.
-O que essa garota está fazendo aqui? TIREM ELA DAQUI- Julia gritou nervosa.
-Por favor Luan, não faz isso com a gente. Eu amo você.- dizia já em lágrimas.
Observei de relance alguns olhares satisfeitos com que eu tinha feito, mas mesmo assim, meu olhar era direcionado nele. Só nele.
-TIREM ELA DAQUI AGORA!- Julia gritou mais uma vez.
Alguns seguranças seguraram meus braço um de cada lado tentando me tirar dali mas eu relutava com toda força que eu tinha.
-SOLTA ELA- ouvi Luan gritar- SOLTA AGORA!- falou de novo ao perceber que eles não atenderam sua ordem.
-Luan..- Julia pegou na mão dele.
-Desculpa, eu não amo você. Sinto muito pelo acidente, sinto muito por ter perdido seu filho, mas eu não amo você- ele se levantou e veio na minha direção correndo, segurou minha mão e olhou dentro dos meus olhos- Que bom que você estava por perto pra não me deixar fazer isso. Eu te amo.- Me abraçou, segurou minha mão e saiu correndo dali comigo.


Eu estava ansiosa pra postar esse capítulo a tanto tempo.. Eu escrevi ele antes mesmo do Luan terminar com a Tatá.. aí você pergunta "Vovê teve a ideia de ela invadir o casamento sem nem saber como fazer ele decidir se casar?" Siiiiiiiiiim kkkk E eu sou muito agoniada sabe, era pra eu ter enrolado mais só que eu achei que tá na hora de juntar esses dois de uma vez, nem eu aguento mais kkkkkkk Fora que vocês quase me mataram! kkkkk
Gente clica no g+1 pra ajudar a crescer :) Espero que tenham gostado! Estamos na reta final...Brincadeira! kkkkkkk