Capítulo 56

Narrado por Julia

-E você vai casar com ele mesmo tendo visto ele te trair?- minha melhor amiga brigava comigo.
-O que eu posso fazer? Era tudo que eu mais queria e eu não vou abrir mão de ser casada com o Luan Santana. Vou começar a aparecer em revistas e em questão de tempo serei famosa também.- Me joguei na cama rindo.
-Você nem gosta dele Julia.
-Eu gosto do Luan, ele é lindo.
-Mas você não o ama, e ele te traiu. Se valoriza amiga.
-Eu vou valorizar a vida ótima que eu vou ter- disse gargalhando.
-E vai fingir que não viu nada no Caribe?
-Pra ser sincera é bem isso que estou fazendo. Fingi que esqueci com a queda, e ele como não é bobo nem nada não toca no assunto.
-Você não será feliz assim?
-Claro que serei, vou ter tudo que eu quiser, viajar pra vários países, quer felicidade maior que essa?
-Nem parece que perdeu um filho, tá toda feliz aí..
-Amiguinha, o filho foi só pra segurar o Luan, eu não queria ser mãe agora.  Estragar meu corpinho e tudo mais.. Tô fora. Foi tarde.- falei com desdém enquanto Bianca me reprovava com olhar.
Eu não estava nem aí se ela estava achando aquilo errado, a vida é minha e eu faço dela o que eu quero. Agora que tudo estava acontecendo como eu sempre quis, eu iria aproveitar. Obvio.

Narrado por Tanara

Assim que cheguei em Goiânia senti o calor forte que fazia. Minha tia como sempre me tratou muito bem, e não me questionou sobre eu estar ali. Ela sabia que quando eu ia era pra esquecer algo, e ela fazia de tudo pra que meus planos fossem alcançados.
Assim que cheguei na fazenda subi pro quarto que eu sempre ficava. Joguei minhas coisas num canto e deitei na cama. Acabei dormindo sem perceber. Estava cansada da noite em claro que passei.

Quando acordei desci atrás da minha tia, pelo silêncio ela não estava. Fui até a cozinha e bebi um copo de água. Sentei no sofá da sala e encarei o vídeo-game antigo que ela tinha me dado, em baixo da televisão. Ri me perguntando porque ela não tinha desfeito dele ainda. Lembro que enchi o saco dela pra comprar quando era mais nova, e ela me deu de natal. Sentei no tapete e comecei a arriscar jogar alguns jogos depois de tanto tempo. Apesar de serem jogos infantis. Dei pausa e fui até a adega da minha vó, escolhi um vinho qualquer, abri ele e fiquei bebendo o resto do dia, acompanhada só do meu velho vídeo-game.

E assim iam se seguindo os dias que estive ali com minha tia... Acordava pra ajudar ela com os animais, já que ela fazia questão de cuidar de tudo com as próprias mãos, sem contratar um caseiro pra ajudar. Depois fazia almoço- já que ela não sabia cozinhar- e depois ficava na sala jogando vídeo-game. Estava ficando "craque" naquilo.

No fim da tarde de uma quinta, enquanto limpava a casa, liguei a rádio pra poder me distrair. Aumentei de um jeito que eu pudesse ouvir em qualquer canto da casa que eu estivesse. Era uma rádio de música sertaneja, mas eu nem liguei muito pra possibilidade que teria de tocar alguma música do Luan.
Foi então que começou a soar de longe uma música da melodia doce, parei pra prestar atenção... "o vento invejou seu cheiro" Assim que começou a tocar eu senti meu corpo arrepiar, e a lembrança daquele dia me veio a mente.. Luan cantando docemente após o beijo roubado no escuro. " Quem é ela?.."

Desliguei o rádio e voltei a limpar a casa tentando pensar em outra coisa, mas foi em vão. Guardei o rodo e a vassoura e corri pro meu quarto. Tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro. Em minha mente um turbilhão de lembranças me atormentavam e eu me julgava por isso.
-Para. Chega de lembrar disso.- Dizia sozinha, mas quanto mais eu tentava esquecer mais eu lembrava...
Deitei na cama de bruços e fiquei encarando a porta. Lembrei dos pés descalços dele pelo corredor, das risadinhas de quem estava aprontando. Sentei na cama e encarei a porta do banheiro, me lembrando dessa vez dele dançando perto da porta do banheiro de uma maneira engraçada e depois pulando em cima de mim me fazendo rir mais com as suas cócegas. Me lembrei do bico que ele fazia quando eu dizia que queria dormir e não ia fazer cafuné nele. Da mania que ele tinha de ficar rodando o anel no dedo. Dos seus olhos castanhos me olhando sensualmente quando ele deitava em cima de mim. Me lembrei de inúmeras coisas boas que nos aconteceu em pouco tempo de namoro, o que me fez lembrar de como terminamos.. Se não fosse aquela mentira, tudo seria diferente, estaríamos felizes, juntos, e eu casaria com ele, não aquela Julia...
Num ato impensável, peguei meu celular e digitei uma mensagem. Enviei sem pensar duas vezes. "Ficar sem você é saudade demais, sem os teus carinhos não vivo jamais, se você soubesse o quanto eu te quero, ficaria comigo.. por toda vida"  Mas me arrependi segundos depois. Infelizmente não dava pra voltar atrás...


Narrado por Luan

-Deu tudo certo? perguntei pro Roberval.
-Você tem certeza que é isso que quer cara?
-Tenho. Conseguiu marcar a data?
-Você não acha que está indo rápido demais?
-Eu não sei de mais nada...

Meu casamento estava marcado pra dali a quatro dias, e eu ouvi sapo de todo mundo. Minha mãe, meu pai, minha irmã, minha equipe. TODOS, todos estavam contra mim. Eu  sinceramente não dava ouvidos, a culpa estava me corroendo dia após dia e eu tinha certeza que aquilo só passaria quando eu me casasse com Julia.
Conversei com ela e juntos decidimos por algo bem simples. Só uma cerimônia na igreja, pros mais íntimos, sem nada muito grande, e depois um jantar. Nada extravagante, até porque não teríamos tempo.

Um dia antes do então casamento, Rober me encheu o saco pra fazer uma despedida de solteiro. Eu não queria, e disse isso a ele, mas no fim ele acabou me convencendo.
De noite, me arrumei e fui pra um bar com alguns amigos. Decidi colocar o pé na jaca e bebi todas.
-Você vai cuidar de mim?- perguntei pro Rober.
-Só curte cara- ele disse e eu assenti começando a virar o meu primeiro copo.

A noite foi passando e eu  já estava meio tonto, mas também não parei, continuei bebendo. Meu estômago começou a "reclamar" e eu senti vontade de vomitar. Fui pro banheiro cambaleando e vomitei de uma vez. Sentei no chão do lado do vaso, passei a mão pelo cabelo e respirei fundo. Logo vomitei mais uma vez. Meu celular vibrou e eu achei ele com dificuldade. Era uma mensagem. Li e reli. Era aquilo mesmo ou eu estava vendo coisa? Uma mensagem da Tanara.
Levantei do chão, lavei minha boca, puxei uma nota do meu bolso sem nem ver de quanto, coloquei na mesa onde todos meus amigos estavam e peguei a chave do carro indo em direção a casa dela. Rober veio atrás desesperado, mas eu arranquei com o carro de uma vez. Estava frito se algum policial me visse dirigindo naquela condição. Não sei nem como estava conseguindo dirigir.

Parei o carro em frente a casa dela cantando pneu. Só quando desci vi que estava muito mal estacionado. Dei de ombros e comecei a bater na porta sem parar. Juliana abriu com a cara de sono. Quer horas eram? Eu não fazia ideia.
-O que você quer Luan?
-Cadê a Tatá?
-Luan, você ta bêbado- ela disse me empurrando pra que eu não entrasse em sua casa.
-Eu quero ver a Tatah.
-Ela não tá aqui Luan.
-Tá sim, você tá mentindo pra mim.- passei por ela e subi as escadas correndo.
-Luan vem aqui, ela não está aí.
Continuei subindo e abri a porta do quarto dela me deparando com a cama arrumada. Ela não estava mesmo. Sentei na cama dela e coloquei as mãos sobre o meu rosto querendo chorar.
-Onde ela tá Juliana?- perguntei chateado.
-Em Goiânia e não sei quando ela volta.
-Ela me mandou uma mensagem.. Por que ela fez isso? Pra me deixar mais confuso?
-Eu não sei. - Ela se sentou ao meu lado e colocou a mão no meu ombro- Está tudo bem? Veio sozinho nesse estado?
-Eu já estou melhor tá legal? -disse ríspido.
-Eu só quero te ajudar..
-Não preciso de ajuda- tirei a mão dela do meu ombro.
- Por que você vai casar se ainda ama a Tatáh?- ela disse me encarando mas eu não olhei pra ela.
-Porque eu preciso fazer isso, eu preciso.
-Você precisa ou você quer?- a olhei e não respondi- Não faz o que não quer Luan...
-Eu devo isso a Julia.
-Você não deve nada, foi um acidente..
-Por minha culpa, se ela não tivesse visto nada não teria corrido de mim e caído da escada.
-Do que vai adiantar se casar agora?- mais uma vez não respondi.
Juliana se levantou, abriu o guarda roupa da Tanara e voltou com uma caixa nas mãos. Abriu a caixa na minha frente onde me deparei com enumeras fotos nossas. Uma foto em que estava eu, ela e a Juliana no camarim. Uma foto de quando eramos mais novos- fotos que eu tinha me esquecido. Ali naquela caixa tinha muitas coisas que lembravam o que tínhamos vivido juntos, como amigos.
- Ela me mostrou isso um dia, e contou a história de todas as fotos, até das que eu já sabia. Eu disse pra ela ir atrás de você, mas ela não me deu ouvidos. Disse que você estava com a Julia e  que ela estava grávida. Enfim, coisas do caráter dela.
-Eu a amo.- disse sincero.
-Eu sei, e ela também a ama.
-Eu sei- dei de ombros- Amanhã é o meu casamento.
-Eu vi, e fiquei me perguntando porque tanta pressa em se casar?
-Eu não sei, só sei que eu acho que é o certo.
-Não faz isso.
-Sinto que agora é um pouco tarde pra desistir.
Talvez fosse diferente se ela estivesse ali. Certamente eu não resistiria a ela, me entregaria em seus braços e ficaria com ela por toda vida como ela pediu na mensagem. Mas ela não estava, o que me deu mais certeza de que o nosso caso estava encerrado.. Não era pra ser.


Demorei porque acrescentei umas coisas nele pra ficar maior.. Olha gente, quem não estiver gostando da fic tenho uma dica muito boa.. PARA DE LER :) O outro capítulo já estava pronto uma parte, não sei se vão gostar não.. é o casamento kkkkkkkkkkk Adoro ver o mal.. Posto até sábado ok? Beijos <3