Capítulo 14

-Leucemia?- perguntei assustada
-Sim, só não sei te dizer se é maligno ou benigno. Pra isso, precisaremos de um exame específico.Porém pra ambos o tratamento é o mesmo, quimioterapia  ou um transplante de médula óssea que você sabe que é bem mais difícil de se conseguir.
-Eu sei, mais, calma doutor, eu tô perdida, como isso foi acontecer?
-Você sabe que o câncer não tem um motivo certo, mas pode ter haver com sua genética, tem casos de câncer na sua família?
-Eu não sei.
-Então é uma hipótese.
-E o que eu faço?
-Vou te passar um exame, não pra hoje, quero que vá descansar. Mas amanhã você vem faz o exame e então a gente conversa sobre o seu tratamento, só peço que mantenha a calma e não se desespere sem saber como está, porque se estiver no começo, temos uma grande chance de cura.
-Eu tenho fé que vou me curar disso- agradeci ao doutor e voltei pra casa.
Agradeci também a Gustavo, que foi um fofo me acompanhando até o hospital e ainda se ofereceu pra fazer o exame pra ver se tinha médula compatível. O menino mal me conhecia mas estava disposta a me ajudar e isso me encantou. O restante do dia passou depressa, Kelly chegou de noite em casa e eu não contei nada a ela, fui dormir cedo pois estava muito cansada. No dia seguinte não fui pra faculdade, fui pro hospital, fiz o exame que foi bem rápido e depois voltei pra casa, o resultado sairia em 3 dias.
-Porque não foi pra faculdade hoje?- Kelly perguntou.
-Amiga aconteceu uma coisa.
-O que houve?- ela parou sentando ao meu lado
-Estou doente.
-O que está sentindo? Vamos ao médico- ela disse se levantando
-Não Kelly- puxei ela de novo- Estou doente.
-Doente como?
-Estou com leucemia.
-Leucemia?- seus olhos começaram a lacrimejar
-Calma amiga, não chora- segurei em suas mãos fortes- Nem tudo está perdido, fiz um exame hoje pra ver se é maligno ou benigno, e se estiver no começo há chances de conseguir me curar.
-Por que não me contou antes?- ela me perguntou chorando
-Porque eu descobri ontem.
-Eu vou fazer o exame viu?
-Obrigada- sorri pra ela- Já tenho 2 possíveis doadores.
-Dois?
-Sim, você e o Gustavo.
-Quem é Gustavo?
-Um menino da faculdade que conheci ontem, foi até ele que me levou ao hospital.
-Não perde tempo ein- ela brincou enxugando as lágrimas e depois me deu um baraço forte- Vai dar tudo certo.
-Com fé em Deus-sorri pra ela
Em três dias voltei ao hospital, dessa vez com Kelly. E recebi a melhor notícia. Minha leucemia era benigna, ou seja, as chances de cura eram maiores por meu câncer estar no começo. O doutor me explicou que aquilo era muito bom, mas que poderia virar maligno se eu não começasse o tratamento o quanto antes.
-Doutor, não quero quimioterapia.- falei fazendo Kelly me olhar preocupada- Não quero e ninguém vai me convencer a mudar de ideia.
-Eu entendo que pra uma jovem, imaginar-se careca é ruim mas cabelos crescem.
-Não é só isso, eu não quero.- era mais algo pessoal, não queria quimioterapia e tinha fé que conseguiria alguém compatível logo.
-Tem certeza amiga? Sabe que é o melhor, pelo menos até acharmos uma médula pra você.-Kelly falou dessa vez.
-Não amiga, eu não quero fazer a quimioterapia, e vou ser curada com o transplante.
-Mas você sabe que achar alguém compatível é muito difícil não sabe? - o doutor perguntou.
-Sei sim, mas pra eu não vai ser difícil, logo encontraremos alguém. É isso? Podemos ir embora?- perguntei me levantando da cadeira.
-Sim, então qualquer novidade eu avisarei- ele levantou despedindo-se de mim.
Naquele dia voltei pra casa esperançosa, sabia e acreditava que logo estaria curada. Apresentei Kelly a Gustavo o no outro dia eles foram juntos fazer o exame de compatibilidade, que demoraria um pouco pra ficarem prontos.
-Quer sair hoje?- Gustavo perguntou
-Queria, mas tenho que estudar.
-Isso é tudo que faz da sua vida?- ele ria
-Mas ou menos, além disso tenho que te aturar também(risos)
-Aé engraçadinha?- ele brincou vinda pra cima de mim me fazendo cosquinha.
-Para- empurrei ele que parou sentando-se ao meu lado.
-Parei sua chata- ele me abraçou e depois ficou folheando meus livros.
-Ta bom Guga vamos logo- sai puxando ele pela mão.
-Guga?- ele me olhou assustado.
-Seu apelido novo (risos)
-Olha só, nem tem intimidade pra isso.
-Se você tem intimidade pra me chamar de Tatah eu tenho intimidade pra te chamar de Guga (risos) Quer sair ou quer que eu desista?
-Não, vamos logo- ele riu e saiu me puxando pela rua
Ele me levou pra tomar sorvete.
-Você tinha muitos amigos no Brasil?- ele perguntou.
-Alguns, que valiam muito.
-E perdeu o contato com eles?- ele perguntou me fazendo refletir um pouco. Desde que havia voltado do Brasil não tinha falado com Luan ainda, ele não me procurou no skype como ele costumava fazer e também não me ligou. Só quem me ligava com frequência era Juliana.
-Você falando isso agora me fez pensar que sim, me afastei um pouco de um amigo meu.
-Quem?
-O Luan, faz tempo que não nos falamos
-É só falar com ele.
-Não, ele precisa de um tempo- falei e ele deu de ombros.
Dias depois o resultado do exame saiu, nenhum dos dois eram compatíveis.
-Tatáh, faz a quimioterapia.-Gustavo me pressionava.
-Não quero Guga.
-Por quê?
-Porque não, e não me enche. Eu sei que uma hora vou conseguir um doador.

Narrado por Kelly.
A Tanara era teimosa e não quis fazer a quimioterapia, eu estava preocupada e tinha que fazer algo. Amarra-la e leva-la ao hospital a força era uma ideia, mas não podia fazer isso se ela não queria. Resolvi ligar pra sua tia do Brasil, depois pra Juliana, que ligou pro Luan, e os três juntos, marcaram uma viajem de emergência pra Bolívia pra  ver se algum deles eram compatíveis. Tanara não ficou sabendo de nada, ela iria brigar comigo porque ela me fez implorar que eu não ia contar aquilo pra ninguém. Mas eu não podia deixa-la correr o risco de morrer. Depois que o três fizeram o exame os chamei pra irem até minha casa, pra matarem a saudade dela, falei pra eles falarem que só queria fazer uma surpresa e todos aceitaram, exceto Luan.
-Não posso ficar, e quero que não contem pra ela que eu vim também.
-Tudo bem, mas porque não fica?- Juliana perguntou.
-Porque eu tenho muitos shows pra fazer.
-Eu imagino.
-Então vou nessa ver se consigo uma passagem pro próximo voo ao Brasil, me avisem assim que sair o resultado- ele disse se despedindo e indo embora.
Assim que cheguei em casa com Juliana e sua tia vi Tatá sair correndo pra abraçar as duas, foi muito bom vê-la feliz. Ela contou pras duas sobre a doença que fingiram estar surpresas, pra que ela não desconfiasse.
-Que bom que estão aqui- ela disse abraçando as duas de novo.
-Estava com saudades querida- sua tia disse.
-Eu também- Juliana falou em seguida- Podemos fazer o exame?
-Claro, mais esperança pra mim.
-Minha querida, faz a quimioterapia.
-Não tia, eu sei que vou achar um doador. Tenho fé.


Eu simplesmente esqueci que tinha que postar ontem kkkkkk me desculpem de novo kkkk mas vim aqui e terminei esse capítulo na pressa por isso ficou tão sem graça... No fim tudo vai se encaixando. E vocês vão se surpreender. No próximo todas vão se assustar, mas garanto, um susto bem legal >< Não sei se perceberam mas as coisas acontecem rápido nessa fic, mas isso tem um propósito também. Por hoje é isso, espero que tenham gostado. Um beijo.